O pastor Wilson Dantas Ribeiro é um dos principais incentivadores da candidatura de evangélicos ligados à Igreja Assembleia de Deus.
O ex-vice-prefeito da cidade de Amarante, no Maranhão, hoje é
secretário geral da Convenção de Ministros das Assembleias de Deus do
Sudoeste do Maranhão (Comadesma).
Ribeiro diz que conhece bem as dificuldades de um evangélico se
eleger com o voto dos “irmãos”. Em 2007, mesmo tendo sido escolhido no
plebiscito realizado dentro das Assembleias de Deus do sul do Maranhão, o
pastor Wilson não conseguiu votos o suficiente para se eleger como
deputado estadual pelo PMDB. “Não diria traído, eu posso ter sido
vitimado pelo pouco grau de conscientização política do povo
evangélico”, afirma.
Hoje ele é filiado ao Partido Social Cristão (PSC) e reflete sobre os
motivos que deixam o eleitor evangélico receoso em votar em um
candidato evangélico. Um dos principais seria por medo de membros da
igreja se envolverem em corrupção. Outro aspecto seria a disseminação de
uma teologia que ensina ser melhor “esperar em Deus” que depender do
poder político dos homens.
Em entrevista ao site Imperatriz Notícias, ele explicou ainda que os
recentes escândalos nacionais, envolvendo pastores que enriqueceram às
custas do dinheiro de fiéis, podem influenciar negativamente o voto do
eleitor evangélico.
“Não quero aqui defender, por que eu acho que quem agiu de forma
errada, quem enriqueceu ilicitamente, se é que isso aconteceu, deve
responder por isso na justiça, independentemente da posição social,
eclesiástica ou política… Há uma campanha por parte da mídia e dos
políticos profissionais para a não inserção de evangélicos na política,
na intenção de anular a imensa maioria de evangélicos que são
verdadeiros e honestos. Afeta sim, mas é como uma massa fermentada que
quanto mais bate, mais cresce. Ou seja, a avalanche da migração de
evangélicos para a política, ninguém vai barrar”, explicou.
O pastor falou ainda que não se pode esperar que evangélicos votem
sempre em evangélicos. “Essa conduta não é bem aceita, principalmente no
Brasil. Nós ainda temos muita dificuldade. Dentro da igreja da igreja
que eu pertenço, da Assembleia de Deus, fomos ensinados pelos líderes
pioneiros para que os crentes não se envolvessem com a política… Hoje,
há uma orientação por parte da convenção, liderança maior das igrejas,
para que a gente venha a trabalhar esta ideia de forma mais enfática. A
gente já percebe uma certa mudança, mas ainda enfrentamos resistência e
não são pequenas”.
Mas ele explica que não concorda que os pastores e pregadores que
sejam candidatos possam se eleger utilizando o púlpito das igrejas pra
fazer campanha. “Isso é relativo, por exemplo, os presidentes de
associações de moradores fazem das associações seus palanques, os
empresários fazem isso de suas empresas também. Então o púlpito não é um
palanque, é um lugar onde as pessoas ouvem a palavra de Deus e se trata
de assuntos de interesse da igreja. Agora, usar o púlpito como
palanque, eu também não acho correto”, enfatiza.
Como um líder importante da Assembleia no Maranhão sua visão é que
“Houve uma tendência direitista dominante sim entre os evangélicos, até
por preceitos bíblicos, como em Romanos 13 onde diz que toda alma deve
estar sujeita a toda autoridade. Isso não quer dizer subserviência.
Sujeição significa respeito. A tendência direitista existe até por conta
de alguns líderes… Até por que a igreja evangélica nunca foi incitada a
liderar movimentos revolucionários esquerdistas, tal como acontece com a
igreja católica”.
Ele tem uma posição clara sobre a corrupção e inclusive respaldo
bíblico “A corrupção não tenta só os evangélicos, tenta seres humanos,
que são vulneráveis a ela. A própria Bíblia diz e mostra em textos
claros dizendo: “O suborno não aceitarás; não torcerás o direito; não
dirás o amargo é doce e o doce é amargo”, etc. Então se já há esta
previsão na Bíblia, que é o livro dos livros, é pra que na verdade todo
mundo venha a se precaver. É uma tentação que existe no meio político
que não segrega e nem isenta ninguém por ser evangélico ou não ser”.
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