Os documentos que o ‘Domingo
Espetacular’ teve acesso com exclusividade trazem provas de que as
informações trocadas entre Cachoeira e o diretor da Veja resultaram ao
menos em cinco capas da revista de maior circulação do país.
As gravações registram ainda que a
influência esbarra em outras esferas do poder, como na pressão para
demissão da cúpula do Ministério dos Transportes, que havia se
desentendido com um dos aliados do contraventor, a construtora Delta.
Por meio do que Cachoeira passava para ser publicado na Veja, vários
funcionários do ministério foram afastados.
Cachoeira se orgulha de “plantar” notícias na Veja em benefício próprio e sabe até quando determinadas matérias sairão.
A revista ainda não se manifestou
abertamente em relação ao caso. O diretor de redação da Veja, Eurípedes
Alcântara, publicou na internet artigo sem citar nomes em que afirma que
“ter um corrupto como informante não nos corrompe”.
A reportagem do Domingo Espetacular
ouviu especialistas, que registraram grave problema ético no tipo de
jornalismo praticado pela Veja diante de tantas ligações criminosas.
O professor Laurindo Leal Filho, da USP,
avalia que o controle da publicação não pode ser da fonte. “O
jornalista pode e deve falar com qualquer tipo de fonte desde que tenha o
controle sobre a publicação e a matéria que ele está fazendo. Quando
ele oferece à fonte o controle (…), ele rompe os limites éticos”, disse.
O presidente da Federação Nacional dos
Jornalistas (Fenaj), Celso Schroder, critica o envolvimento da Veja no
escândalo do Cachoeira. “Nesse caso, houve uma relação promíscua muito
intensa, unilateral”.
O deputado federal Fernando Ferro
(PT-PE) acredita que a CPI do Cachoeira, que começou os trabalhos na
semana passada em Brasília, deve convocar não apenas o jornalista
Policarpo Júnior, mas também o responsável pela editora que publica a
Veja, Roberto Civita. “Na minha opinião, ele é o principal responsável.
Ele é o dono dessa revista, e ele operou com vontade”.
O colunista Reinaldo Azevedo, do site da revista Veja, fala sobre o assunto em seu artigo: “Edir Macedo, que frauda o sentido da Bíblia ela-mesma, não será o autor de uma bíblia do jornalismo ético”. Confira!
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