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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Após 14 anos preso, missionário reecontra a família


Após 14 anos preso, missionário reecontra a famíliaEm janeiro de 1998, o Pastor Tesfatsion Hagos deixou seu lar na Eritreia para uma viagem missionária de três meses



Em 2007, Portas Abertas recebeu uma resposta surpreendente de colaboradores na campanha de cartas para ‘Hadas’ após a prisão de seu esposo, Pastor Tesfatsion Hagos, na Eritreia. É com alegria que compartilhamos a história de Hadas (que será chamada por seu nome verdadeiro, Zípora), sua família e o que ocorreu em seguida

Em janeiro de 1998, o Pastor Tesfatsion Hagos deixou seu lar na Eritreia para uma viagem missionária de três meses. Seu coração estava pesaroso quando disse adeus às suas três filhas pequenas, mas ele e sua esposa, Zípora, tinham orado pela direção de Deus em suas vidas e obtiveram resposta. Ele deveria ir à Eritreia para fazer a obra de Deus imbuído da  promessa de que muitas pessoas viriam a conhecer o Senhor sob sua orientação. Além disso, uma ausência de três meses não seria muito para Zípora cuidar sozinha das meninas enquanto seu marido estivesse fora. O casal acreditava que, em tudo, Deus havia traçado um caminho em suas vidas e por isso respondera-lhes a oração.

Enquanto dava adeus, o Pastor Tesfatsion não sabia que levaria mais 14 anos até que pudesse se reunir novamente à sua esposa e filhas, uma na idade de quatro anos, e a outra com um ano e três meses. E, que da próxima vez, eles se encontrariam do outro lado do mundo.

A relação entre as vizinhas Etiópia e Eritreia tem sido desgastada há décadas, com a Guerra Civil Etíope, a Guerra de Independência Eritreia e os conflitos sobre localização de fronteiras estando entre os agravos entre os dois países. No início de 1998, quando o Pastor Tesfatsion saiu para sua viagem missionária, havia poucos indícios de tensões vindouras. Até maio daquele ano, entretanto, toda a região entrou num  impasse, com eritreus deportados da Etiópia e muitos etíopes expulsos da Eritreia, enquanto disputas armadas irromperam no vilarejo de Badme, na fronteira. Em meio à escalada, muitos expatriados de ambos os países ficaram presos no lado errado da luta e o Pastor Tesfatsion estava entre eles. Com Zípora tentando sem sucesso atravessar a fronteira da Etiópia, Tesfatsion fez a única coisa que poderia fazer: continuou a construir a igreja de Deus na Eritreia.

Em maio de 2004, Tesfatsion estava liderando uma grande congregação na Igreja Evangélica Rema, em Asmara, a despeito da repressão do governo sobre a Igreja Ortodoxa dois anos antes. Mas, no fim daquele mês, ele e outros líderes proeminentes e cristãos da igreja eritreia, foram presos. A prisão não foi um evento isolado; cristãos estavam enfrentando perseguição no país há vários anos e aqueles que haviam sido escolhidos ou forçados a permanecer em 2002, viviam sob constante perigo de prisão e assédio. Nos anos seguintes, mais de 15 cristãos conhecidos morreriam no sistema de prisão eritreu de tortura, por falta de cuidados médicos, de condições gerais nas prisões e por serem fuzilados enquanto tentavam fugir.

Mas, de volta à Etiópia em 2004, Zípora pouco podia fazer a não ser orar. Nos próximos seis anos, ela não saberia se seu esposo estava detido ou se estava vivo. Quando ela o rastreou pela primeira vez, com a ajuda de alguns policiais cristãos que trabalhavam para a ONU, Zípora conseguiu enviar uma foto e alguns pijamas com versículos bíblicos e um simples recado escrito à caneta: “Estamos ok, estamos bem, continue forte”, que foram escondidos no forro. Dentro da prisão, onde a comunicação com o mundo externo era proibida e os prisioneiros tinham apenas 15 minutos de banho de sol por dia, seu esposo encontrou mais tarde, alegremente, as palavras escondidas e as acrescentou às coisas que o ajudaram a enfrentar com coragem cada dia. Por vários anos, ele compartilhou o confinamento com outros pastores, passando com eles muitas horas de trevas, onde suportavam uns aos outros, oravam e até mesmo permitiam-se momentos de risadas, a despeito da situação desesperadora.

No mundo exterior, Zípora lutava para lidar com isso. Espiritualmente, ela confiava na mão de Deus em sua vida, mas algumas preocupações financeiras começaram a se acercar não muito depois de seu marido ter sido preso. Ela havia estado preocupada há vários anos sobre como iria arcar com a educação das meninas, mas foi “pela graça de Deus” que teve a visita “milagrosa” do obreiro de Portas Abertas, Irmão Baruti, em 2007.

“Ele disse: ‘Não posso ajudar o Pastor Tesfatsion, mas estou aqui para ajudar sua família. O que você precisa?’”, disse Zípora. “Ele me disse que Portas Abertas proveria os gastos com a escola. Foi assim que Deus me ajudou. Fiquei tão surpresa. Foi como se um anjo tivesse vindo à minha casa, exatamente assim!”.

As Cartas

Uma campanha de cartas naquele mesmo ano apresentou a história da família do Pastor Tesfatsion aos colaboradores de Portas Abertas, e Zípora e as meninas foram inundadas por cartões e cartas cheios de versículos bíblicos e mensagens de encorajamento. Foi uma lição, diz Zípora, de “quanto você pode amar Jesus”. A despeito do estresse e preocupação dos últimos nove anos, ela sentiu sua determinação fortalecida graças, em parte, à assistência financeira de Portas Abertas e orações de apoio de cada canto do globo terrestre.

“Eu recebi muitos cartões do mundo inteiro!”, disse ela ofegante, o deslumbramento ainda claro em sua voz após cinco anos. “Fiquei tão entusiasmada e feliz, digo toda hora ‘graças a Deus’, porque não estou só. Tenho tantas pessoas ao redor do mundo orando por mim e por minha família. ‘Sou uma sortuda...Deus, obrigada por isso’, toda hora”.
“As orações me ajudaram, me fortaleceram. Não sei como poderia ter sobrevivido àquela vida difícil, mas eu consegui e agora estou aqui. As orações dos cristãos me ajudaram muito. Muito obrigado. Deus os abençoe, eu digo!”.

Ainda que muitos de seus contemporâneos tenham permanecido presos, o Pastor Tesfatsion foi solto em 2010, porém em prisão domiciliar. Dentro de um ano, ele tinha sido contrabandeado para fora do país por colaboradores cristãos. Portas Abertas pôde ajudá-lo com acomodação e custos médicos. Zípora, enquanto isso, tinha sido financiada e recebeu um visto para se mudar com suas filhas para a Austrália, em 2009, iniciando rapidamente o processo de requerimento para seu esposo.

A despeito das dificuldades de reassentamento em um novo país, muito distante de seu lar africano, Zípora e as meninas continuaram a depender do Senhor, envolvendo-se com a comunidade etíope local e fazendo seu primeiro e precioso contato com o Pastor Tesfatsion, após mais de uma década separados, via Skype. Em 2011, Zípora enviou duas das meninas para o Quênia para se reunirem com um pai que elas mal conheciam e também tiveram um reencontro surpreendente com Portas Abertas.

Tendo perdido o contato com a história de Zípora quando ela saiu da Etiópia, Portas Abertas Austrália estava fazendo uma turnê com a cantora evangélica eritreia Helen Berhane, quando um de seus obreiros ficou curioso sobre as três jovens que entoavam cânticos com Helen e faziam traduções para ela durante as reuniões da igreja em Perth. Dada a grande comoção dos colaboradores de Portas Abertas pela campanha de cartas de 2007, não demorou muito para nosso obreiro descobrir quem eram as jovens bonitas e sua mãe! E foi assim que Portas Abertas Austrália estava novamente em contato com Zípora, ansiando por ouvir boas novas sobre a volta do Pastor Tesfatsion, em cuja igreja Helen tinha sido líder de louvor antes de enfrentar sua própria provação em uma prisão na Eritreia em 2004.

Felizmente, a espera não era para ser mais longa. Em 18 de janeiro de 2012, o Pastor Tesfatsion Hagos finalmente chegou em Perth para começar uma vida nova na Austrália. Pela primeira vez, desde maio de 1998, ele se reunia com sua família inteira: a esposa Zípora e as três jovens que ele deixara quando eram meninas. Três meses tinham se transformado em 14 anos, mas através de tudo isso, o pastor e sua esposa aprenderam e se lembraram de uma coisa muito importante.

“Oh, diz Zípora, dando um longo suspiro. “Que Deus é fiel, aprendi que Deus é fiel! Vi meu Deus em cada um dos meus passos. Eu O vi ajudar minhas filhas a crescer. É tão difícil quando se está só, mas eu vi Deus como  Pai em minha casa. Ele manteve minhas meninas tão disciplinadas, tão tudo! Vi a mão do meu Deus me ajudando. Vi meu Deus me encorajar, ter paciência comigo... algumas vezes, quando meu coração desfalecia, Ele me encorajava. Vi a fidelidade do meu Deus. Agradeço a Deus por tudo o que vejo acontecer em minha vida”.

Como sequela do  tempo na prisão, o Pastor Tesfatsion continua a ter problemas de saúde, particularmente com o seu único rim, mas Zípora, em seu jeito humilde, insiste: “ele está bem, todos estamos bem”. As meninas continuam a cantar, participando do louvor em uma igreja próxima. Feven, de 18 anos, conhecida pelos colaboradores como Azeb, começou seus estudos de medicina na universidade, enquanto Bruktawit (Sada), de 15 anos, espera seguir a carreira de contadora e a ‘bebê’ Lidiya (Miniya), agora com 14 anos, planeja ser médica. A própria Zípora fez um curso técnico e agora trabalha em um local de cuidados com idosos.

Na Eritreia, a igreja do Pastor Tesfatsion fechou há muito tempo e os cristãos se juntaram a muitos outros que cultuam clandestinamente. A Eritreia está na 11ª posição na Lista de Perseguição e um documento recente revelado pelo Wikileaks mostrou que o governo planeja eliminar completamente a liderança das igrejas evangélicas.

Caso a paz seja verdadeiramente alcançada na Eritreia, Zípora espera que ela e sua família possam um dia voltar para o lar na Etiópia, onde permanecem seus parentes e sua igreja. Mas, até então, o Pastor Tesfatsion (que já está tendo aulas de inglês e planeja frequentar um seminário bíblico) e sua família continuam a aceitar que o caminho de Deus é o seu caminho, não importa aonde os conduza.

“A Austrália é um bom país. Ainda assim, penso que Deus nos enviou para o seu propósito, sua obra. E continuamos a obra de Deus, essa é a nossa vida, esse é nosso sacrifício”, diz Zípora. “Oramos pedindo a direção de Deus e como continuar Sua obra na Austrália. Sim, precisamos esperar Deus abrir a porta. E se for a porta aberta de Deus, nós conseguimos!”.

Fonte: Portas Abertas

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