Com um texto claro e profundo, Dr. Jorge Vacite, advogado, descreve o direito do “ser diferente” em um mundo desigual e intolerante com os que ousam viver os princípios eternos e, assim, os defendem até o fim.
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Imagine
Minhas intervenções nesse espaço
tem, como característica principal, um olhar técnico sobre questões
relevantes do mundo jurídico que venham ocupando espaço na mídia.
Sou advogado e, como tal, usando o
Direito como instrumento, defendo pessoas físicas ou jurídicas e seus
interesses. No correto exercício desse múnus, como ocorre em qualquer
outra profissão, é impossível ser completamente impermeável, asséptico e
não se envolver ou, pelo menos, vivenciar as experiências daqueles para
quem trabalho.
Nesse contexto, mais pessoal do que
técnico-jurídico e, como sempre, buscando um tema atual, me permito,
após essa introdução, apresentar o pequeno texto abaixo:
Diferente
Um dia um homem nasceu. Como todos os
homens, aquele homem nasceu em uma família. Como todas as famílias, a
família daquele homem ser esforçou para dar a ele o que tinha de melhor,
em valores, educação e todo o resto.
Aquele homem, como todos os homens,
cresceu. Entretanto, subitamente, sem que ele percebesse, sem que ele
tivesse feito nenhuma escolha, aquele homem percebeu que era diferente.
Percebeu, ainda jovem, que sentia as
coisas de forma diferente, que via o mundo de forma diferente, que amava
as pessoas de forma diferente, que queria ter uma vida diferente.
Muitas coisas que outros homens queriam muito, que colocavam como o centro de suas vidas, aquele homem não queria para si.
Outras coisas que eram desprezadas,
achincalhadas, desrespeitadas por muitos, aquele homem queria
transformar no centro de sua vida e na própria maneira de viver cada um
de seus dias.
Foi difícil. Não como qualquer vida, que
sempre possui seu grau de dificuldade. Foi difícil como só a vida
daqueles que querem ser diferentes costuma ser.
Quando sua diferença ficou evidente ele
sofreu preconceito. Em muitos casos foi humilhado. Seus valores e aquilo
que o fazia tão feliz, foram desrespeitados ao máximo.
Como qualquer um faria, ele pensou em
desistir. Pensou em ceder. Pensou em ser como todos os outros. Mas sua
diferença prevaleceu. Aquilo que o tornava diferente era mais forte, era
maior, dizia respeito à sua essência. Aquele homem só podia viver se
ele pudesse ser quem ele realmente era, e ele era diferente.
Sua vida então mudou radicalmente, sua
diferença se transformou em bandeira. Ele quis mostrar para o mundo o
que pensava, o que sentia.
Ele respeitava quem pensava diferente
dele. Ele entendia que havia um outro modo de vida. Mas ele queria que o
seu modo de vida, que a sua diferença fosse respeitada, fosse
permitida, fosse aceita.
Quando ele decidiu mudar sua vida e se
expor, ele causou surpresa, estarrecimento. Seu discurso era
contundente, diferente dos demais.
Aos poucos os que não sentiam como ele,
os que não pensavam como ele e os que não viviam como ele, começaram a
questionar e discutir com aquele homem.
Ele foi combatido. Entretanto, sabendo
da importância da sua diferença para sua vida, sabendo o quanto ela era
essencial para sua existência, ele continuou.
Continuou e percebeu que não estava
sozinho. Percebeu que havia muitos como ele. Percebeu que ele, ao
defender sua diferença, se tornara um símbolo, de certa forma, uma
liderança.
Aquele homem não desistiu, continuou.
Manteve sua defesa da diferença que fez com que ele fosse quem era. Fez
mais, passou a defender outros que eram como ele.
Como sempre, foi discutido. Como sempre,
foi combatido. Como sempre, foi perseguido. Mas aquele homem sempre
acreditou que nossa sociedade, nosso país, nosso Estado Democrático de
Direito, sempre o permitiria ir adiante. Sempre teve tranqüila certeza
que as sólidas instituições garantidoras dos direitos dos cidadãos
estariam ao seu lado, permitindo a ele e aos muitos como ele serem
diferentes e defenderem suas idéias, seus sentimentos e sua forma de
vida.
Imagine que aquele homem é o Pastor Silas Malafaia.
Imagine que a diferença é a sólida e inabalável crença em Deus.
Imagine que a vida diferente é uma vida de valores cristãos, uma vida familiar, sem drogas, sem vícios, sem adultério.
Imagine que seu discurso contundente era a palavra de Deus, que há tanto anos ele escolheu pregar.
Imagine que o preconceito e humilhações
foram as provações que os evangélicos passaram no caminho de ver sua fé
respeitada e aceita.
Imagine que, ao defender os valores
cristãos e seus fiéis em todo o mundo, o Pastor Silas Malafaia
desagradou uma minoria de ativistas da causa homossexual, que iniciaram
uma verdadeira campanha caluniosa, difamatória e injuriosa contra o
mesmo.
Imagine que as instituições garantidoras dos direitos dos cidadãos são representadas principalmente pelo Ministério Público.
Agora, imagine que ele se enganou ao
acreditar nessas instituições. Aquilo que, ao longo de toda sua vida,
foi sempre uma perseguição pessoal ou social, se transformou em uma
perseguição oficial.
Em 16/02/2012, o Ministério Público
Federal, após receber cinco representações – todas iguais – realizadas
por grupos de defesa dos interesses homossexuais, mesmo diante de
incontestáveis esclarecimentos e de incontáveis manifestações de apoio
em favor do Pastor Silas Malafaia, propôs contra o mesmo uma Ação Civil
Pública, na qual o Pastor está sendo acusado de comportamento homofóbico
em razão de uma leitura parcial e descontextualizada de uma de suas
falas, durante poucos segundo, em uma de suas manifestações no Programa
Vitória em Cristo.
Se tudo que existe contra o Pastor Silas
Malafaia, depois de mais de 30 anos de apresentação de programas de
televisão pregando a Palavra de Deus, são apenas poucos segundos e com
uma compreensão equivocada e deturpada do que foi dito, devemos ficar
felizes, pois podemos ter certeza que ele continuará a defender a sua
diferença.
Dr. Jorge Vacite Neto
Advogado
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